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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Desvendando o Halloween: A História Não Contada Por Trás das Fantasias

 Desvendando o Halloween: A História Não Contada Por Trás das Fantasias




   Para muitos de nós, especialmente aqui no Brasil, o Halloween (ou Dia das Bruxas) parece ser apenas uma festa importada, uma novidade divertida (para alheados) que ganha espaço em escolas de inglês, clubes e na televisão. Vemos crianças fantasiadas batendo de porta em porta pela brincadeira do "trick or treat" (travessuras ou doces) e adultos aproveitando festas temáticas. Nos Estados Unidos, a data se tornou um gigante comercial. É um dia em que pessoas decentes se tornam exibicionistas ultrajantes, com 60% das fantasias vendidas para adultos. É a época mais movimentada para videntes e leitores psíquicos, e as vendas de livros sobre astrologia e bruxaria disparam. Sim, até mesmo para livros a massa não tem bom gosto. 

    Mas quando paramos para olhar mais de perto, além das abóboras sorridentes e das fantasias, encontramos uma história muito mais antiga, complexa e, para muitos, perturbadora.


As Raízes Antigas: Samhain e os Druidas


   Para entender o Halloween, precisamos voltar no tempo, muito antes de ser uma festa americana. Precisamos ir até os antigos celtas, que viviam onde hoje ficam a Grã-Bretanha e o norte da França. A data de 31 de outubro não foi escolhida ao acaso. Ela marcava o Samhain (pronunciado "Sow-in"), o festival que celebrava o fim do verão e da colheita, e o início do inverno escuro. Para os celtas, este era o Ano Novo, mas também era conhecido como o "Festival da Morte". Acreditava-se que, nesta noite específica, o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se tornava mais fino. Isso permitia que os espíritos, tanto bons quanto maus (bruxas, fantasmas, duendes), vagassem pela Terra. Os guias espirituais dos celtas eram os Druidas, sacerdotes que praticavam magia e adivinhação. Eles moravam em florestas e cavernas e, segundo os relatos, buscavam prever o futuro analisando o voo dos pássaros, o fogo ou até mesmo as entranhas de animais sacrificados. Para lidar com os espíritos errantes do Samhain, os druidas acendiam enormes fogueiras no topo das colinas. O objetivo era duplo: afugentar os espíritos malignos e, ao mesmo tempo, apaziguar os poderes que controlavam a natureza.

   Uma curiosidade sombria: A palavra inglesa para fogueira, "Bonfire", pode não significar "fogo bom" (good fire), mas sim "fogo de ossos" (Bone + Fire). Relata-se que os druidas construíam grandes cestos onde queimavam prisioneiros de guerra, criminosos e animais vivos, lendo o futuro na forma como seus corpos queimavam.


A "Cristianização" da Festa


   Como uma festa pagã tão intensa se tornou a "Noite Santa"? A própria palavra "Halloween" revela a pista. É uma contração de "All Hallows' Eve", ou seja, a "Véspera de Todos os Santos". Originalmente, a Igreja Católica (quem diria) celebrava o Dia de Todos os Santos em maio. No entanto, em 835 d.C., o Papa Gregório III mudou a data para 1º de novembro. A estratégia era clara: sobrepor a festa cristã à festa pagã do Samhain, facilitando a conversão dos povos recém-conquistados. Foi um caso clássico de sincretismo. O Panteão de Roma, um templo construído para adorar todos os deuses pagãos, foi transformado em uma denominação religiosa. Da mesma forma, os celtas puderam manter sua festa de 31 de outubro, mas agora ela servia como vigília para um dia santo cristão. Os rituais antigos, no entanto, não desapareceram; apenas ganharam uma nova roupagem.


Decodificando os Símbolos do Halloween


   Quase tudo o que as pessoas acham divertido no Halloween tem uma origem ligada a essas crenças antigas de apaziguar ou enganar espíritos:


   Máscaras e Fantasias: Os celtas se vestiam com peles de animais e máscaras assustadoras. A ideia era se disfarçar para que os espíritos que vagavam pela terra os confundissem com um deles e não os molestassem. Em outras culturas, máscaras eram usadas para se comunicar com o mundo espiritual.

   "Travessuras ou Doces" (Trick or Treat): Isso não começou como uma brincadeira infantil. Têm origem na crença celta de que era preciso deixar comida e oferendas para apaziguar os espíritos famintos. Também se baseia numa tradição irlandesa onde homens iam de fazenda em fazenda exigindo oferendas, ameaçando amaldiçoar as colheitas com demônios caso não fossem pagos, uma espécie de chantagem que evoluiu para a brincadeira atual.

   A Abóbora (Jack-o'-Lantern): Vem de uma lenda irlandesa sobre "Jack, o Avarento". Jack era um homem tão mau que não pôde entrar no céu, mas também tão astuto que pregou peças no diabo, sendo-lhe negada a entrada no inferno. Condenado a vagar na escuridão eterna, o diabo jogou-lhe uma brasa do inferno. Jack a colocou dentro de um nabo oco para iluminar seu caminho. O nabo virou abóbora nos EUA, mas o simbolismo permaneceu: uma alma condenada.

   Gatos Pretos e Morcegos: Os druidas viam os gatos como sagrados, acreditando que podiam ser humanos reencarnados como punição. Na Idade Média, superstições diziam que bruxas podiam se transformar em gatos. Já os morcegos, por serem criaturas da noite, eram associados a demônios e forças ocultas.

   As Cores (Laranja e Preto): Também estão ligadas à morte. O preto simbolizava os tecidos que cobriam os caixões, e o laranja vinha da cor das velas de cera de abelha, muito usadas em missas pelos mortos.


A Histeria e a Injustiça


   Tragicamente, a associação do tema "bruxaria" com o mal não ficou só no campo espiritual. Ela foi usada como justificativa para atrocidades reais. Durante a Inquisição e também durante a Reforma Protestante, a "caça às bruxas" atingiu proporções absurdas. Líderes como Lutero e Calvino aconselhavam a morte de supostas feiticeiras. Mulheres, moças e até crianças eram torturadas para confessar "orgias com demônios". Em Salem (EUA), em 1692, velhas com "hábitos excêntricos" foram mortas. Na Europa, bastava ser uma "moça linda e perversa" para ser acusada. Ter um filho com alguma deficiência já podia ser prova de feitiçaria contra a mãe. Cidades alemãs chegaram a matar 900 mulheres em um único ano.

   Essa história de injustiça brutal também faz parte da "realidade" sombria que envolve o imaginário do Dia das Bruxas.


A Realidade do Halloween Hoje


   As raízes da festa não são apenas história antiga. Eles levantam preocupações modernas: perigos reais, rituais com animais e conexão com satanismo. Além do vandalismo, o temor de que doces sejam adulterados com lâminas ou veneno (embora isso seja amplamente considerado uma lenda urbana, o medo persiste). Abrigos de animais em locais como Chicago relatam uma alta procura por gatos pretos perto do Halloween, levando-os a suspender adoções por temer que os animais sejam usados em rituais macabros. Anton LaVey, fundador da "Igreja de Satanás", em sua Bíblia Satânica, ele escreveu: "Depois do próprio aniversário, os dois principais feriados satânicos são Walpurgisnacht (1º de maio) e Halloween."


   Diante de todo esse contexto, das fogueiras de ossos dos druidas, da tentativa da Igreja de "batizar" uma festa da morte, das lendas sobre almas condenadas e das conexões modernas com o ocultismo, recomendo uma reflexão profunda. Podemos realmente separar a festa "divertida" de hoje de suas origens. É apenas simbolismo inocente? Ou estamos, mesmo sem saber, celebrando algo ligado a práticas que envolvem medo, injustiça e a glorificação do macabro?

   "O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade." (1 Coríntios 13:6). A "realidade" do Halloween, sob essa ótica, é um convite para que cada um de nós busque a verdade por trás das tradições que escolhemos abraçar.


Referências


LaVey, Anton Szandor. A Bíblia Satânica.


Bannatyne, Lesley. Halloween: From Pagan Ritual to Party Night.


Bannatyne, Lesley. Halloween: An American Holiday, An American History.


Enciclopédia Barsa (verbetes sobre Halloween e Samhain).


Napier, James. Folklore: Or Superstitious Beliefs in the West of Scotland Within This Century (1879).


Frazer, James George. Adonis, Attis, Osiris (Parte IV de The Golden Bough).


Textos Bíblicos (Êxodo 22:18, Levítico 19:31, Deuteronômio 18:10-12, 1 Coríntios 10:20-21, Apocalipse 21:8).


Hutton, Ronald. The Stations of the Sun: A History of the Ritual Year in Britain. Oxford University Press, 1996. (Uma análise histórica aprofundada sobre festivais sazonais, incluindo o Samhain).


Morton, Lisa. Trick or Treat: A History of Halloween. Reaktion Books, 2012. (Explora a evolução cultural da festa).


Santino, Jack. The Hallowed Eve: Dimensions of a Calendar Festival in Nineteenth-Century Ireland. University Press of Kentucky, 1998. (Foca nas tradições irlandesas que migraram para os EUA).

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