𝟭 𝗖𝗢𝗥𝗜́𝗡𝗧𝗜𝗢𝗦 𝟲 - 𝗨𝗺𝗮 𝗮𝗻𝗮́𝗹𝗶𝘀𝗲 𝗮𝗺𝗽𝗹𝗶𝗮𝗱𝗮
Em 17 de julho de 2022, foi postado o texto intitulado "Em defesa dos LGBTs - 1 Coríntios 6", que irritou profundamente os religiosos moralistas hipócritas, e até mesmo aqueles que dizem estar "despertos da Matrix religiosa". O texto buscava demonstrar a visão real do que estava sendo escrito na época e foi levantada a questão justamente para demonstrar que não havia (e nem há) condenação aos nossos irmãos LGBTQIA+. Em resposta a uma irmã em particular, resolvi abordar profundamente este texto em específico. Tenho a consciência de que na época o texto que desenvolvi era bem simplista, sim, propositalmente, pois, como foi demonstrado nos comentários e por atitudes contra a minha pessoa fora da internet, ficou explícito o quanto as pessoas são atrasadas e adoecidas pela e por religião. Portanto, como muitos estavam "engatinhando" neste assunto, abordei somente a ponta do iceberg, e não questões gramaticais e contextos históricos profundos, apesar de terem sido citados na época. Mas é neste texto que, mais uma vez, me apresento a favor das Escrituras e contra a interpretação básica e equivocada da religião.
𝙄𝙣𝙩𝙧𝙤𝙙𝙪𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙖 𝙘𝙖𝙧𝙩𝙖
As duas cartas aos Coríntios compartilham um elemento comum: são endereçadas a uma comunidade enfrentando sérios problemas éticos, morais e relacionais. Na primeira carta, Paulo oferece orientações específicas para aqueles que, recém-chegados a Cristo e provenientes do paganismo, estavam lidando com desafios significativos.
Diferentemente de outras cartas que geralmente começam com fundamentos doutrinários e terminam com orientações práticas, Paulo adota uma abordagem inversa. Ele inicia sua escrita abordando diretamente as questões comportamentais e os hábitos da comunidade, oferecendo exortações sobre como superá-los. Entre os principais problemas destacados, encontramos a idolatria, divisões, desentendimentos entre os irmãos, escândalos e imoralidades. A comunidade não estava vivendo em verdadeira comunhão com Cristo.
O livro de 1 Coríntios é estruturado em várias partes: inicia-se com uma exortação a respeito das discórdias e divisões entre os membros da igreja. Segue com instruções sobre a mensagem da cruz e a verdadeira sabedoria. Depois, Paulo aborda as problemáticas enfrentadas pela comunidade de Corinto, incluindo o que é discutido no capítulo 6. Em seguida, ele faz uma exortação sobre a idolatria e fornece ensinamentos relacionados às mulheres. O texto também abrange a ceia do Senhor, a questão dos dons espirituais, e o amor em Cristo. Outros tópicos importantes incluem a ressurreição dos mortos, a coleta de ofertas para Jerusalém e, finalmente, as saudações finais.
As pessoas na cidade de Corinto eram o reflexo de uma grande miscigenação, incluindo escravos, oficiais e homens de origens gentílicas. Era uma cidade cosmopolita, com uma presença significativa de escravos e judeus. É nesse cenário que Paulo inicia seu diálogo com esse grupo problemático. Ele recebeu uma carta deles, na qual relataram conflitos e preocupações, e, em resposta, escreveu 1 Coríntios para confrontar uma comunidade que lutava para se libertar da cultura pagã. A primeira carta aos Coríntios é um convite à santificação e à verdadeira espiritualidade, tendo sido redigida na cidade de Éfeso.
A sociedade corintiana também incluía os Neófitos, membros da elite, como o chefe da sinagoga e o tesoureiro da cidade. Contudo, havia uma parcela significativa de pobres e escravos, muitos deles provenientes da cultura gentil e pagã, que praticavam um politeísmo forte. Essa diversidade cultural e religiosa contribuiu para as divisões e dificuldades enfrentadas pela comunidade em Cristo no local.
𝘾𝙤𝙣𝙩𝙚𝙭𝙩𝙤 𝙄𝙢𝙚𝙙𝙞𝙖𝙩𝙤
Nos versículos anteriores, Paulo está tratando de questões sobre litígios entre os membros da igreja (pessoas) de Corinto. Ele expressa preocupação pelo fato de os seguidores de Cristo levarem suas disputas a tribunais seculares, em vez de resolverem seus problemas internamente, com sabedoria e discernimento espiritual. Paulo argumenta que isso é uma derrota para a comunidade e demonstra uma falta de maturidade espiritual.
Quando Paulo menciona que os "injustos não herdarão o Reino de Deus" (1 Co 6:9), ele está alertando os coríntios sobre a natureza de suas ações. O termo "injustos" se refere àqueles que praticam atos contrários à justiça de Deus. Ele adverte que viver dessa maneira é incompatível com a nova identidade dos que receberam Cristo.
𝘼𝙨 𝘾𝙖𝙩𝙚𝙜𝙤𝙧𝙞𝙖𝙨 𝙙𝙚 𝙋𝙚𝙘𝙖𝙙𝙤
Paulo fornece uma lista de comportamentos pecaminosos, incluindo impureza, idolatria, adultério, efeminação, sodomia, roubo, avareza, embriaguez, maledicência e fraude. Cada termo tem um significado específico:
Impuros: Aqueles que praticam atos sexuais imorais.
Idólatras: Aqueles que adoram ídolos em vez do Deus verdadeiro.
Adúlteros: Aqueles que traem seus cônjuges repetidamente e de forma deliberada.
Efeminados e Sodomitas: Referem-se especificamente àqueles que praticam atos homossexuais como um estilo de vida lascivo e devasso, típico do comportamento observado em Corinto na época.
Ladrões e Avarentos: Aqueles que roubam e vivem para acumular riquezas de maneira desonesta.
Bêbados: Aqueles que se embriagam e perdem o controle, usando a bebida como um meio de prejudicar os outros.
Maldizentes: Aqueles que constantemente falam mal dos outros, espalhando calúnias e maledicências.
Roubadores: Aqueles que vivem para enganar e explorar os outros.
Paulo não deixa de mencionar que alguns dos coríntios anteriormente viviam nesses pecados, mas agora foram lavados, santificados e justificados em nome de Jesus Cristo. Isso reflete a mensagem central do Evangelho: a transformação e a redenção estão disponíveis para todos que se voltam para Cristo.
𝘼 𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙙𝙚 𝘾𝙤𝙧𝙞𝙣𝙩𝙤
A cidade possuía o famoso templo de Afrodite, onde mil prostitutas sagradas estavam à disposição de seus devotos. [...] O provérbio, de significado sexual, "nem todos podem visitar Corinto", era voz corrente. A palavra grega 𝘒𝘰𝘳𝘪𝘯𝘵𝘩𝘪𝘢𝘻𝘰𝘮𝘢𝘪, que significava agir como um corinto, passou a significar "fornicar" (HARRISON. 2017, p. 543).
A cidade que analisamos na Epístola aos Coríntios é Corinto (em grego, Kórinthos), uma antiga cidade-estado situada na Grécia. Corinto foi destruída pelos romanos em 146 a.C., mas foi reconstruída como uma colônia romana durante o reinado de Júlio César em 44 a.C. (ALEXANDRE Júnior, 2021, p. 366).
Corinto tornou-se um ponto crucial para o tráfego entre o Norte e o Sul, o que impulsionou seu crescimento econômico e a transformou em um importante centro comercial, não só na Grécia, mas em toda a região do Mediterrâneo (MACARTHUR, 2018, p. 426). Assim como outras cidades gregas, Corinto tinha um papel significativo na cultura da época. Era um local de refúgio para habitantes em tempos de guerra e um centro para a construção de templos e palácios. Um dos mais notáveis era o templo da deusa Afrodite, onde mil sacerdotisas, conhecidas como "prostitutas religiosas", prestavam serviços à noite.
Corinto era uma cidade conhecida por sua licenciosidade e pela presença de prostituição. Tanto nas áreas dos templos quanto em locais específicos, era comum encontrar prostitutas e prostitutos. Os jovens efeminados eram particularmente prevalentes, o que gerava uma competição com as mulheres, que se sentiam ameaçadas. Segundo STAMBAUGH e BALCH, ao chegar à cidade, Paulo avistou o imponente monte Acrocorinto, com suas muralhas fortificadas e o templo de Afrodite no topo. Afrodite era muito venerada em Corinto, aparecendo em moedas e tendo templos no Acrocorinto, na cidade e no porto de Cencreia. Estrabão narra que no templo dela havia mais de mil escravos sagrados e prostitutas dedicadas à deusa. Para a maioria dos gregos, a prostituição não era vista como algo imoral. A crítica de Paulo em relação aos excessos sexuais (1º Co 5-7) se dirigia a discípulos de Cristo de Corinto que haviam adotado uma mentalidade local que pregava: "Tudo me é permitido" (1º Coríntios 6.12)¹.
Corinto era uma cidade vibrante e cheia de vida, localizada em uma importante rota portuária. A expressão "corintianizar" era usada para descrever um estilo de vida hedonista e festivo, semelhante ao imaginário popular sobre os cariocas de hoje: pessoas que aproveitam a boa vida, o prazer e os momentos de alegria. Em Corinto, as prostitutas cultuais desciam da Acrocorinto com o rosto descoberto e vestidas de maneira sedutora, usando suas roupas apenas o suficiente para intensificar seu charme.
A documentação arqueológica revela que membros de vários grupos religiosos se reuniam para banquetes cultuais em Corinto, semelhante às questões que Paulo discutiu com os seguidores de Cristo locais (1º Coríntios 8-11). Os seguidores de Dionísio (Baco) se reuniam em mesas esculpidas na pedra, evidenciando a diversidade de práticas religiosas e sociais na cidade.
É interessante destacar os sacerdotes de Cibele, cujas cerimônias incluíam rituais de autocastração e o travestismo em devoção à deusa. Esses sacerdotes também se dedicavam à prostituição com outros homens como parte de suas práticas religiosas, e muitos se envolviam em prostituições homossexuais fora do culto.
Os costumes sexuais romanos eram vistos como degradantes, com um mercado de jovens escravos sendo explorados tanto para trabalho doméstico quanto para satisfação sexual. Essa era a percepção que os judeus tinham da moralidade sexual romana: um contexto de abuso, violência, exploração e prostituição.
𝙊𝙨 𝙩𝙚𝙧𝙢𝙤𝙨 𝙢𝙖𝙡𝙖𝙠𝙤𝙞 𝙚 𝙖𝙧𝙨𝙚𝙣𝙤𝙠𝙤𝙞𝙩𝙖𝙞
O texto de Paulo levanta questões sobre a homossexualidade, especialmente em relação à ausência de menção às mulheres. Ele utiliza termos genéricos em suas listas de vícios, mas, ao abordar atos homogenitais, destaca principalmente uma palavra: "arsenokoitai". Esse termo, que combina "arseno" (homem) e "koitos" (cama), sugere um significado literal de "homem-cama".
Outro termo relevante é "malakoi", frequentemente traduzido como "efeminados". Notavelmente, "malakoi" e "arsenokoitai" aparecem juntos em 1 Coríntios 6:9. O significado de "malakoi" é mais claro e é usado de forma metafórica, enquanto "arsenokoitai" é um vocábulo raro e controverso, quase um neologismo. Essa era uma prática comum nos escritos do apóstolo, a quem se atribuem 179 neologismos, 89 dos quais não foram copiados por nenhum autor posterior”. (TORRES, 2012, p. 25). Sua ocorrência em outras fontes é limitada, dificultando a compreensão precisa de seu significado. O contexto em que ambos os termos estão inseridos não esclarece sua interpretação, mas a mensagem é clara: aqueles que se identificam com esses termos não herdarão o reino de Deus.
Ambas as palavras apresentam desafios na tradução, refletidos nas diversas interpretações ao longo das versões bíblicas. A variedade de significados nos léxicos gregos também mostra a complexidade da questão. Essas múltiplas acepções indica que até os estudiosos ainda não chegaram a um consenso definitivo sobre o verdadeiro sentido que Paulo pretendia ao usar esses termos.
O fato de que “os injustos não herdarão o reino de Deus”, isto é, não participarão dele, era um ensinamento padrão tanto no judaísmo quanto no cristianismo. As “listas de vícios” judaicas ou pagãs em geral forneciam definições ou exemplos dos “injustos”. Paulo segue esse padrão. “Não vos enganeis” é uma expressão que ocorre nas antigas exortações morais, sendo comum no Novo Testamento. Há debate entre os estudiosos quanto ao sentido do termo traduzido (em algumas Bíblias) por “homossexuais” (NVI). O termo parece haver sido cunhado com base em Levítico 20.13 e designava os que praticam atos homossexuais. Tratava-se de estilo de vida comum na Grécia antiga entre os homens adultos. Para os judeus, esse comportamento era visto, praticamente, como vício exclusivamente gentio (p. ex., Filo, Leis Especiais 3.37-39; Josefo, Contra Apião 2.215; Or. sib. 5.387 [veja Oráculos sibilinos no glossário]).
Assim como os rabinos, Paulo concentra-se em uma condenação retórica: mesmo que na prática tenha excluído da comunhão somente o pecador mais perverso (5.1-5), quem mantinha os modos de vida mencionados por ele, aqui, não herdará o reino².
𝘼𝙣𝙖́𝙡𝙞𝙨𝙚 𝙙𝙖𝙨 𝙥𝙖𝙡𝙖𝙫𝙧𝙖𝙨 𝙢𝙖𝙡𝙖𝙠𝙤𝙞 𝙚 𝙖𝙧𝙨𝙚𝙣𝙤𝙠𝙤𝙞𝙩𝙖𝙞
Nos léxicos gregos temos:
𝟭. Friberg, Analytical Greek Lexicon:
Literalmente: "macio, suave" (referente a roupas, delicado ao toque - Mt 11:8; Lc 7:25).
Figurado: "efeminado, pouco masculino", especialmente usado para descrever um homem ou menino que se submete a atos sexuais homossexuais (1 Co 6:9).
𝟮. Gingrich, Greek NT Lexicon:
Literalmente: "suave" (Mt 11:8; Lc 7:25).
Figurado: "efeminado", usado para descrever a parte passiva em uma relação homossexual (1 Co 6:9).
𝟯.. Danker, Greek NT Lexicon:
Literalmente: "delicado, de roupas finamente texturizadas" (Mt 11:8; Lc 7:25).
Figurado: "submisso", usado como substantivo para descrever alguém que é passivo em uma relação homossexual (1 Co 6:9).
Cada léxico oferece uma análise das conotações literais e figurativas do termo, refletindo seu uso contextual nas passagens bíblicas específicas. A variação nas definições também evidencia a complexidade etimológica do termo em diferentes contextos históricos e culturais.
Segundo Torres (2012, p. 28)³, a palavra arsenokoitês é um substantivo composto dos radicais arsen (‘macho’) e koitês (‘aquele que se deita’). Isso dá à palavra arsenokoitai o significado de ‘aqueles que se deitam com machos’. Torres (2012) sugere que o apóstolo Paulo pode ter cunhado o termo arsenokoitēs baseado no texto de Levítico, conforme a versão grega da Septuaginta. Alguns estudiosos focam nas passagens de Levítico 18:22 e 20:13, que proíbem um homem deitar-se com outro, como o contexto para o vocábulo no Novo Testamento. O primeiro desses versos afirma "𝘮𝘦𝘵𝘢 𝘢𝘳𝘴𝘦𝘯𝘰𝘴 𝘰𝘶 𝘬𝘰𝘪𝘮𝘦̂𝘵𝘩𝘦̂𝘴𝘦𝘪 𝘬𝘰𝘪𝘵𝘦̂𝘯 𝘨𝘺𝘯𝘢𝘪𝘬𝘰𝘴", que significa literalmente "não te deitarás na cama com um macho como com uma mulher". O segundo diz "𝘩𝘰𝘴 𝘢𝘯 𝘬𝘰𝘪𝘮𝘦̂𝘵𝘩𝘦̂𝘪 𝘮𝘦𝘵𝘢 𝘢𝘳𝘴𝘦𝘯𝘰𝘴 𝘬𝘰𝘪𝘵𝘦̂𝘯 𝘨𝘺𝘯𝘢𝘪𝘬𝘰𝘴...", que significa "quem se deitar na cama com um macho como mulher...". Nesses versos, as palavras arsenos e koitên remetem aos radicais de arsenokoitai (Torres, 2012, p. 31-32).
Torres (2012, p. 27) observa que as cidades de Corinto, destinatária da epístola de Paulo, e Éfeso, onde Timóteo vivia, eram centros reconhecidos das religiões de fertilidade. Em Corinto, adorava-se Afrodite (ou Vênus), e em Éfeso, Artemisa (ou Diana). Na cidade de Corinto, havia um templo de Afrodite, onde sacerdotisas se prostituíam como culto ao sexo. Homens também participavam da prostituição, deixando os cabelos longos e exibindo aspectos efeminados. Torres (2012, p. 27) salienta que “[...] os sacerdotes de Artemisa eram castrados e vestidos com roupas femininas [...]. Duzentos anos depois de Paulo, Eusébio de Cesareia ainda faz referência à prostituição de mulheres e homens efeminados no culto a Afrodite”.
A palavra malakoi, em 1 Coríntios 6:9, foi traduzida pela Bíblia de Jerusalém como "depravados". Em 1 Timóteo 1:10, arsenokoitai foi traduzida como "pederastas", referindo-se a adultos que fazem sexo com crianças. Torres (2012, p. 27) afirma que “é provável, contudo, que a obsessão sexual de outrora ainda prevalecia nesses grandes centros urbanos, mesmo sem a íntima ligação que essas cidades antes desfrutavam com as religiões de fertilidade”.
O termo malakoi, cujo singular é malakos, significa "macios" ou "moles". Helminiak (1998, p. 99)⁴ argumenta que malakos não se refere à atividade homossexual, mas sim a uma condenação generalizada da lassidão moral e do comportamento libertino, luxurioso e lascivo. Salzman (2012, p. 306) acrescenta que: “Não há unanimidade de tradução. Malakos é claramente difícil de traduzir, mas, tendo em mente o contexto hebreu relacionado a Levítico 18:22, há uma legítima e clara tradução contextual. [...] A feminilidade era depreciada na cultura hebraica, e a efeminação nos homens era considerada uma ‘abominação’”.
O termo arsenokoitai aparece na Bíblia apenas em 1 Coríntios e 1 Timóteo. Helminiak (1998) explica que seu sentido é "deitar-se com", indicando relações sexuais com um parceiro sexual ativo nas relações. Segundo Helminiak (1998, p. 99), “a tradução literal de arsenokoitai seria ‘aquele que se deita com homens’ ou ‘aquele que penetra o homem’”. Torres (2012, p. 28) menciona quatro contextos principais para arsenokoitai: exploração sexual, pederastia, sexo não consensual entre homens (estupro) ou sexo consensual entre homens (homossexualismo).
Salzman (2012, p. 307)⁵ sugere que o que é condenado é a efeminação masculina em quaisquer de suas formas. Ele afirma que Paulo pode ter sido inspirado pela versão da Septuaginta de Levítico 18:22, mas isso não significa que são precisamente os atos homogenitais que são uma abominação.
Por fim, Helminiak (1998, p. 95) conclui que, embora malakoi não se refira especificamente à homogenitalidade, arsenokoitai refere-se a atos sexuais entre homens. Torres (2012, p. 27) argumenta que a arsenokoitia não pode se referir à condição, propensão ou desejo homossexual porque o termo se limita a ações específicas. Segundo Helminiak (1998, p. 95), Paulo condena a luxúria, a lascívia e os atos homogenitais masculinos irresponsáveis, mas não os atos homogenitais em geral.
𝘼𝙨 𝙢𝙪́𝙡𝙩𝙞𝙥𝙡𝙖𝙨 𝙩𝙧𝙖𝙙𝙪𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨 (𝙢𝙖𝙣𝙞𝙥𝙪𝙡𝙖𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨?) 𝙙𝙚 𝙢𝙖𝙡𝙖𝙠𝙤𝙞 𝙚 𝙖𝙧𝙨𝙚𝙣𝙤𝙠𝙤𝙞𝙩𝙖𝙞
malakos (μαλακός). “suave, suave ao toque" (cm latim, mollis: em português, "molificar, emoliente"). é usado para descrever: (a) roupas (Mt 11.8, duas
vezes, "finas", ARA; Lc 7.25. "delicadas"): (b) metaforicamente, num sentido ruim. diz respeito a “efeminados" (1 Co 6.10). não simplesmente acerca de um homem que pratica formas de lascívia, mas a pessoas em geral, que são culpadas do hábito dos pecados da carne, voluptuoso⁶.
3120 µαλακος malakos
de afinidade incerta; adj
1) mole, macio para tocar
2) metáf. num mal sentido
2a) afeminado
2a1) de um catamito
2a2) de um rapaz que mantém relações homosexuais com um homem
2a3) de um homem que submete o seu corpo a lascívia não natural
2a4) de um homem que se prostitue⁷
Gr. Malakos, um jovem usado em atos homossexuais, um homem que submete seu corpo à lascívia não natural⁸.
As traduções bíblicas disponíveis em português são, em grande parte, fiéis aos melhores manuscritos antigos. No entanto, ainda há muitas versões equivocadas e de baixa qualidade no mercado. Nenhuma tradução está isenta das ideologias de seus tradutores. Por exemplo, embora eu aprecie a tradução da NVI, ela comete um deslize em 1 Coríntios 6:9, que diz: "𝘝𝘰𝘤𝘦̂𝘴 𝘯𝘢̃𝘰 𝘴𝘢𝘣𝘦𝘮 𝘲𝘶𝘦 𝘰𝘴 𝘱𝘦𝘳𝘷𝘦𝘳𝘴𝘰𝘴 𝘯𝘢̃𝘰 𝘩𝘦𝘳𝘥𝘢𝘳𝘢̃𝘰 𝘰 𝘙𝘦𝘪𝘯𝘰 𝘥𝘦 𝘋𝘦𝘶𝘴? 𝘕𝘢̃𝘰 𝘴𝘦 𝘥𝘦𝘪𝘹𝘦𝘮 𝘦𝘯𝘨𝘢𝘯𝘢𝘳: 𝘯𝘦𝘮 𝘪𝘮𝘰𝘳𝘢𝘪𝘴, 𝘯𝘦𝘮 𝘪𝘥𝘰́𝘭𝘢𝘵𝘳𝘢𝘴, 𝘯𝘦𝘮 𝘢𝘥𝘶́𝘭𝘵𝘦𝘳𝘰𝘴, 𝘯𝘦𝘮 𝘩𝘰𝘮𝘰𝘴𝘴𝘦𝘹𝘶𝘢𝘪𝘴 𝘱𝘢𝘴𝘴𝘪𝘷𝘰𝘴 𝘰𝘶 𝘢𝘵𝘪𝘷𝘰𝘴." Portanto, é fundamental ter cautela ao escolher as versões que usamos.
É importante lembrar que os autores dos textos bíblicos não escreviam pensando em nós, seres humanos do século XXI, mas sim nos destinatários de seu tempo e local. A mensagem central desses escritos ainda é válida, pois as questões, atitudes, angústias, alegrias e esperanças humanas permanecem as mesmas. No entanto, devemos reconhecer que não somos os primeiros destinatários e, por isso, é essencial contextualizar todos os textos, independentemente do assunto em questão. Isso se aplica especialmente aos religiosos, em particular aos cristãos, que muitas vezes distorcem passagens tratando apenas os versículos que mais lhes interessam, sem considerar o contexto mais amplo.
As várias traduções do vocábulo "malakoi" apresentam três ideias principais: 1) homens com características femininas; 2) homens que se prostituem; 3) pessoas devassas. Existe ainda um quarto grupo de traduções cujos sentidos não se encaixam em nenhum desses três grupos. A dificuldade dos estudiosos em traduzir essa palavra é um fator suficiente para não usar esse texto como argumento contra a homoafetividade.
O mais adequado seria traduzir "malakoi" como uma referência a pecados da carne, voluptuosos, já que Paulo trata de outros vícios genéricos (comuns a homens e mulheres). Inclusive, na literatura helenística, o termo é frequentemente usado para descrever heterossexuais, exprimindo fraqueza moral excessiva. Não há conotação sobre atos homogenitais nessa tradução, coerente com um dos possíveis significados apresentados em dicionários teológicos. Algumas traduções que defendem esse conceito incluem:
A Bíblia de Jerusalém (2002): depravados
Peshitta: corruptos
La Bible du Semeur (1999): pervertidos
Contemporary English Version (1995): depravados
Nas versões protestantes em português, baseadas no trabalho de João Ferreira de Almeida, os dois termos foram traduzidos como efeminados e sodomitas. Alguns teólogos acreditam que esses termos se referem a homossexuais passivos e ativos. No entanto, essa conclusão é incoerente, pois, em 1 Timóteo 1:10, Paulo usa apenas o termo "arsenokoitai" para se referir aos homossexuais ativos. A intenção do apóstolo não parece ser a de complementar os termos. A incoerência é evidente quando se traduz "arsenokoitai" em 1 Coríntios como homossexuais ativos e em 1 Timóteo simplesmente como homossexuais. O uso do mesmo termo em ambos os textos indica que não se trata de um termo polissêmico.
Exemplos de traduções incoerentes:
"Não se deixem enganar: nem os imorais, nem os idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos (oute malakoi, oute arsenokoitai)..." (1 Coríntios 6:9 NVI)
"...para os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais (arsenokoitai), para os sequestradores, para os mentirosos, e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã doutrina." (1 Timóteo 1:10 NVI)
Outra tradução comum para "malakoi" está relacionada à prostituição masculina:
Today's New International Version (2001): homens prostitutos
New International Reader's Version (1996): homens que são prostitutos
New Century Version (2005): aqueles que são homens prostitutos
New International Version (1984): homens prostitutos
New Living Translation (2004): homens prostitutos
Holman Christian Standard Bible (2003): homens prostitutos
Jerusalem Bible (1966): catamitos⁹
Essas traduções não fazem referência à afetividade homossexual, mas sim a atos homogenitais cometidos em um contexto de prostituição.
Algumas traduções apresentam "malakoi" como homens com características e/ou comportamentos femininos:
Almeida Revista e Corrigida (1995): efeminados
La Parola è Vita (1997): travestis
La Biblia en Lenguaje Sencillo (2000): homens que se comportam como mulher
Reina Valera (1960): efeminados
Nova Versão Internacional (2004): homossexuais passivos
Esse grupo de traduções é controverso, pois nem todo efeminado é travesti ou homossexual. O que significa "homens que se comportam como mulher"? Qual a conotação desse comportamento?
Outras traduções incluem:
Nueva Versión Internacional (1999): sodomitas
Tradução do Novo Mundo (1962): homens mantidos para propósitos desnaturais
New Jerusalem Bible (1985): autoindulgentes
New King James Version (1982): homossexuais
O problema central é a falta de consenso sobre o real sentido dessas palavras. O mais sensato seria traduzir "malakoi" como referência a comportamento libertino e luxurioso, não como referência à homogenitalidade entre homens. Infelizmente, as traduções equivocadas têm contribuído para doutrinas que marginalizam os homossexuais masculinos.
"Arsenokoitai" é a única palavra que comporta a noção de homogenitalidade entre homens. As traduções dessa palavra também são controversas. É possível dividi-las em dois grupos: 1) como referência apenas a homens; e 2) como referência a pessoas em geral. Traduções que se referem a pessoas em geral constituem um equívoco intencional e ideológico:
La Parola è Vita (1997): homossexuais
La Bible du Semeur (1999): homossexuais
Castilián (2003): os que praticam a homossexualidade
Nueva Versión Internacional (1999): pervertidos sexuais
Reina Valera (1960): os que se deitam com varões
Today's New International Version (2001): homossexuais praticantes
New International Version (1984): ofensores homossexuais
New International Reader's Version (1996): aqueles que cometem atos homossexuais
New Century Version (2005): homens que têm relações sexuais com outros homens
Contemporary English Version (1995): os que se comportam como um homossexual
Bíblia dos Capuchinhos (2000): pedófilos
Nova Versão Internacional (2004): homossexuais ativos
Bíblia de Jerusalém (2002): as pessoas de costumes infames
Edição Claretiana (2004): devassos
Almeida Revista e Atualizada (1993): sodomitas
Tradução Ecumênica (1995): pederastas
Louis Segon (1910): infames
Bíblia Sagrada Vozes (2005): pederastas
King James (1983): homens que se deixam abusar pela humanidade
Darby Translation (1890): homens que se deixam abusar por homens
E agora, quem não herdará o Reino de Deus? Serão os homossexuais ativos, os pedófilos, os pervertidos sexuais ou os pederastas? Ou apenas os homossexuais praticantes? A incerteza sobre o real significado de "arsenokoitai" é tão grande que existem mais de 10 sentidos diferentes! Como condenar um grupo de pessoas com base em uma palavra cujo verdadeiro significado não é consensual?
Paulo usou o termo "arseno", que significa literalmente homem, na composição dessa palavra. Muitas traduções generalizaram o sentido de "arsenokoitai", como se referindo a homens e mulheres. Isso é um claro exemplo de distorção do original grego. Portanto, a pergunta que fica é: quem, de fato, está deturpando o texto bíblico de acordo com suas concepções e interesses?
Considerando que o apóstolo Paulo não teve contato com uniões homoafetivas estáveis, ele certamente está descrevendo práticas homossexuais em um contexto diferente. Estudos sugerem que o termo "arsenokoitai" (tradicionalmente traduzido como "sodomitas") se refere a homens que utilizavam seu poder para explorar sexualmente outros homens. Essa exploração acontecia em dois níveis:
𝟭. Poder da hierarquia social: Muitas vezes, escravos eram vítimas de exploração sexual por parte de seus senhores.
𝟮. Poder econômico: Prostitutos (malakoi) serviam sexualmente a homens ricos.
Dessa forma, "arsenokoitai" refere-se aos participantes ativos da relação sexual, enquanto "malakoi" refere-se aos prostitutos, geralmente jovens efeminados que atuavam como parceiros passivos. Esta interpretação é corroborada pelos tradutores da New American Bible (2010), que afirmam que a palavra grega traduzida como "prostitutos" pode se referir a "catamitos," ou seja, meninos ou homens jovens mantidos para fins de prostituição, uma prática comum no mundo grecorromano. Na mitologia grega, essa era a função de Ganimedes, o "copeiro dos deuses," conhecido em latim como Catamito. O termo "arsenokoitai" refere-se, assim, a homens adultos que se envolviam em práticas homossexuais com esses jovens¹⁰.
Alguns defendem que as práticas homossexuais mencionadas por Paulo ocorriam em contextos de consentimento mútuo, o que poderia significar que os termos se aplicam ao conceito moderno de homoafetividade. De fato, "malakoi" e "arsenokoitai" podem se referir a atos homossexuais masculinos consentidos, da mesma forma que o adultério e a prostituição também ocorrem com consentimento, mas isso não os torna sinônimos de heterossexualidade. A única maneira de resolver essa questão é analisando essas palavras em outros textos antigos.
𝘼𝙧𝙨𝙚𝙣𝙤𝙠𝙤𝙞𝙩𝙖𝙞 𝙚 𝙢𝙖𝙡𝙖𝙠𝙤𝙞 𝙚𝙢 𝙩𝙚𝙭𝙩𝙤𝙨 𝙖𝙣𝙩𝙞𝙜𝙤𝙨
Um texto datado do século 3 a.C., encontrado no Papiro de Hibeh, relíquia de 245 a.C., sugere que os "malakoi" estavam envolvidos em cultos pagãos. O texto diz:
"Demofonte a Ptolomeu, saudações. [...] Me envie também Zenóbio, o afeminado [malakon], com um tambor e címbalos e castanholas, pois ele é procurado pelas mulheres para o sacrifício; e deixe-o usar roupas tão finas quanto possível."
Neste contexto, o termo "malakon" refere-se a Zenóbio e é usado como um aposto, uma alcunha ou termo explicativo. Isso mostra que ser um "malakon" significava mais do que simplesmente ser um jovem afeminado e delicado. As frases seguintes sugerem que Zenóbio desempenhava um papel relacionado a rituais religiosos. A menção às roupas finas pode sugerir um aspecto sexual, já que essas roupas destacariam seu corpo. É possível que Zenóbio estivesse envolvido em prostituição convencional e também desempenhasse um papel significativo em rituais.
Textos da literatura clássica corroboram a ligação dos "malakoi" com a prostituição sagrada. Luciano de Samósata (Século II d.C.) descreve a morte de alguns sacerdotes condenados por comportamento homossexual promíscuo e usa a palavra "malakoi" para referir-se a eles. Luciano informa que esses homens estavam frequentemente em busca de encontros sexuais com outros homens.
Portanto, "malakos" não se refere apenas à efeminação, mas também a uma disposição para a promiscuidade sexual e a prostituição. "Malakos" não indica uma orientação sexual, mas uma disposição ou inclinação voluntária para sexo casual ou pago.
Orígenes (184-253 d.C.), considerado um dos "Pais da Igreja", faz a seguinte referência à palavra "arsenokoitai" em sua exposição sobre Provérbios 7:14:
Οἱ μὲν ἐν ταῖς πλατείαις ῥεμβόμενοι, μοιχείας καὶ πορνείας καὶ κλοπῆς λαμβάνουσι λογισμούς· οἱ δὲ ἔξω τούτων ῥεμβόμενοι, τὰς παρὰ φύσιν ἡδονὰς μετέρχονται, ἀρσενοκοιτεῖν ἐπιζητοῦντες, καὶ ἄλλων τινῶν ἀπαγορευομένων πραγμάτων φαντασίας λαμβάνοντες·
Tradução: "Alguns vagueiam pelas praças, colhendo relatos de adultério, prostituição e furto; outros vagueiam fora das [praças], participando em prazeres contrários à natureza, procurando arsenokoitar e recebendo desfiles de outras coisas proibidas."
Nesse trecho, Orígenes descreve claramente homens que buscavam prazeres contrários à natureza (participação ativa na penetração anal masculina). Portanto, ele não está se referindo à homoafetividade, mas ao que hoje chamaríamos de sexo gay predatório.
𝘾𝙤𝙣𝙘𝙡𝙪𝙨𝙖̃𝙤
Quando o Novo Testamento, especificamente em Paulo e no Apocalipse, menciona que aqueles que praticam tais coisas não herdarão o reino dos céus, a referência é ao extremo; isto é, à escolha consciente pelo sexo como forma de perversão e maldade. Da mesma forma, isso se aplica aos adúlteros, feiticeiros e até mesmo aos "covardes" ou "tímidos", conforme descrito. Portanto, está-se falando de algo bastante diferente.
A interpretação de termos como "malakoi" e "arsenokoitai" em 1 Coríntios 6:9-10 é complexa e multifacetada, influenciada por contextos históricos, culturais e linguísticos. Com base na análise feita das palavras malakoi e arsenokoitai, é evidente que as condenações bíblicas frequentemente associadas à homossexualidade são resultado de interpretações históricas e culturais específicas, que não refletem adequadamente as compreensões modernas de orientação sexual e identidade de gênero. Estudos sugerem que as traduções e os significados desses termos variam amplamente, e as condenações originais estavam mais ligadas a práticas sexuais irresponsáveis e à luxúria, dentro de contextos de culto à fertilidade, do que à homossexualidade em si. Tais interpretações bíblicas foram moldadas por preconceitos históricos e não devem ser usadas para justificar discriminação nos dias atuais. A verdadeira mensagem deve ser de inclusão e respeito às diversidades de gênero e orientação sexual, alinhada com os valores contemporâneos de igualdade e justiça social.
Interpretar de maneira diferente, conforme a tradição cristã, resulta em um dos erros mais graves: o anacronismo semântico, que é atribuir um significado moderno a uma palavra antiga. Se as duas palavras formam um par e os malakoi eram prostitutos, os arsenokoitai seriam os homens que se prostituíam com eles. Portanto, o foco não é a homoafetividade, mas sim a devassidão homossexual. Os pecados sexuais em questão referem-se a determinadas práticas como um fim em si mesmas, e não como consequência de um relacionamento afetivo. A promiscuidade sexual entre homens não deve ser confundida com a homoafetividade.
Em interpretação contextual, e dos léxicos, mostra que as palavras "μαλακοί" e "ἀρσενοκοῖται" no contexto de 1 Coríntios 6:9 referem-se especificamente a comportamentos sexuais praticados na época e não a uma condenação universal da orientação homossexual. A condenação está mais relacionada a práticas promíscuas e exploratórias do que a relacionamentos consensuais e amorosos.
Todos pecaram e igualmente carecem da glória de Deus. Isso é um fato absoluto. Jesus nunca tratou especificamente do tema da homossexualidade, e se fosse fundamental, Ele teria falado sobre isso.
¹ STAMBAUGH, John E. e BALCH, David L. O Novo Testamento em seu ambiente social, pág. 145.
² KEENER, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento: Recurso indispensável para conhecer em detalhes o contexto histórico e cultural de cada versículo do Novo Testamento. Local: Vida Nova, 2017. 561 p. ISBN 978-85-275-0711-0.
³ TORRES, Milton. A Evidência Linguística e Extralinguística para a Tradução de Arsenokoitai. Revista Hermenêutica, Cachoeira, BA, v. 12, n. 2, p.28, 2012.
⁴ HELMINIAK, Daniel. O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade. São Paulo: Edições GLS, 1998.
⁵ SALZMAN, Todd A. A pessoa sexual: por uma antropologia católica renovada. Tradução Luzia Araújo. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2012.
⁶ Dicionário Vine, CPAD, 2006, p. 250.
⁷ STRONG, James. Nova Concordância Strong Exaustiva: Concordância Exaustiva da Bíblia. Grupo Nelson, 2002. 2547 p. 2547.
⁸ Bíblia de Estudo Dake, CPAD, 2009, p. 1830.
⁹ Designação dada aos jovens mantidos para fins de perversão sexual e prostituição à época do Império Romano. A Bíblia de Jerusalém traduz assim: "𝘠𝘰𝘶 𝘬𝘯𝘰𝘸 𝘱𝘦𝘳𝘧𝘦𝘤𝘵𝘭𝘺 𝘸𝘦𝘭𝘭 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘸𝘩𝘰 𝘥𝘰 𝘸𝘳𝘰𝘯𝘨 𝘸𝘪𝘭𝘭 𝘯𝘰𝘵 𝘪𝘯𝘩𝘦𝘳𝘪𝘵 𝘵𝘩𝘦 𝘬𝘪𝘯𝘨𝘥𝘰𝘮 𝘰𝘧 𝘎𝘰𝘥: 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘰𝘧 𝘪𝘮𝘮𝘰𝘳𝘢𝘭 𝘭𝘪𝘷𝘦𝘴, 𝘪𝘥𝘰𝘭𝘢𝘵𝘦𝘳𝘴, 𝘢𝘥𝘶𝘭𝘵𝘦𝘳𝘦𝘳𝘴, 𝘤𝘢𝘵𝘢𝘮𝘪𝘵𝘦𝘴, 𝘴𝘰𝘥𝘰𝘮𝘪𝘵𝘦𝘴, 𝘵𝘩𝘪𝘦𝘷𝘦𝘴, 𝘶𝘴𝘶𝘳𝘦𝘳𝘴, 𝘥𝘳𝘶𝘯𝘬𝘢𝘳𝘥𝘴, 𝘴𝘭𝘢𝘯𝘥𝘦𝘳𝘦𝘳𝘴 𝘢𝘯𝘥 𝘴𝘸𝘪𝘯𝘥𝘭𝘦𝘳𝘴 𝘸𝘪𝘭𝘭 𝘯𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘪𝘯𝘩𝘦𝘳𝘪𝘵 𝘵𝘩𝘦 𝘬𝘪𝘯𝘨𝘥𝘰𝘮 𝘰𝘧 𝘎𝘰𝘥. 𝘛𝘩𝘦𝘴𝘦 𝘢𝘳𝘦 𝘵𝘩𝘦 𝘴𝘰𝘳𝘵 𝘰𝘧 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘴𝘰𝘮𝘦 𝘰𝘧 𝘺𝘰𝘶 𝘸𝘦𝘳𝘦 𝘰𝘯𝘤𝘦, 𝘣𝘶𝘵 𝘯𝘰𝘸 𝘺𝘰𝘶 𝘩𝘢𝘷𝘦 𝘣𝘦𝘦𝘯 𝘸𝘢𝘴𝘩𝘦𝘥 𝘤𝘭𝘦𝘢𝘯, 𝘢𝘯𝘥 𝘴𝘢𝘯𝘤𝘵𝘪𝘧𝘪𝘦𝘥, 𝘢𝘯𝘥 𝘫𝘶𝘴𝘵𝘪𝘧𝘪𝘦𝘥 𝘵𝘩𝘳𝘰𝘶𝘨𝘩 𝘵𝘩𝘦 𝘯𝘢𝘮𝘦 𝘰𝘧 𝘵𝘩𝘦 𝘓𝘰𝘳𝘥 𝘑𝘦𝘴𝘶𝘴 𝘊𝘩𝘳𝘪𝘴𝘵 𝘢𝘯𝘥 𝘵𝘩𝘳𝘰𝘶𝘨𝘩 𝘵𝘩𝘦 𝘚𝘱𝘪𝘳𝘪𝘵 𝘰𝘧 𝘰𝘶𝘳 𝘎𝘰𝘥." Ou seja, ela traduz "malakoi" como "catamites" e "arsenokoitai" como "sodomites". Catamite referia-se ao jovem companheiro, pré-adolescente ou adolescente, em uma relação de pederastia entre dois homens no mundo antigo, especialmente na Roma Antiga. Sodomites no Antigo Testamento eram os prostitutos cultuais pagãos (1 Reis 22:47; 1 Reis 15:12; Deuteronômio 23:17). Portanto, esses termos referem-se a homens prostitutos que não herdarão o Reino dos Céus.
¹⁰ NEW AMERICAN BIBLE. Revised Edition. 1 Corinthians 6. Disponível em: https://www.biblegateway.com/passage/?search=1%20Corinthians%206&version=NABRE. Acesso em: 04 fev. 2025.
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